Greenwashing na Amazônia

As políticas bancárias de fato protegem as pessoas e a natureza contra riscos?
Este relatório analisa como as políticas de gestão de riscos ambientais e sociais (ESRM, como na sigla em inglês) dos principais bancos que nanciam a extração de petróleo e gás na Amazônia não contemplam plenamente os impactos adversos de seus nanciamentos sobre as pessoas e a natureza. Nos últimos 20 anos, apenas seis bancos – Citibank, JPMorgan Chase, Itaú Unibanco, Santander, Bank of America e HSBC – foram responsáveis por quase metade (46%) de todo o nanciamento direto a operações de exploração de petróleo e gás na Amazônia.
A maioria desses bancos arma defender os direitos humanos e a proteção ambiental, mas, com exceção do HSBC, eles continuam nanciando operações de empresas estatais e privadas de petróleo e gás no Brasil, Peru, Colômbia e Equador. E, mesmo assim, divulgam, em seus sites, relatórios e materiais promocionais com declarações que dão a impressão de que estão tendo sucesso na proteção do meio ambiente e dos direitos humanos por meio de seus processos de due diligence. Este estudo indica que os bancos fazem uso da tática do greenwashing para mascarar sua contribuição para os impactos adversos na Amazônia. Embora tenham assumido o compromisso de combater as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e a exploração dos povos indígenas, dando a impressão de que estão protegendo as pessoas e a natureza, os bancos continuam a nanciar operações devastadoras.
As políticas de ESRM que falham em eliminar alguns dos desenvolvimentos mais poluentes e destrutivos envolvendo combustíveis fósseis deixam de responder à crise climática em um momento em que a ciência deixa claro que qualquer novo projeto de combustíveis fósseis ameaça nossa capacidade de garantir um futuro estável. A Amazônia é a região com maior biodiversidade da Terra e lar de mais de 500 povos indígenas diferentes, no entanto, mais da metade do território amazônico (59%) não é considerado adequadamente nas políticas de ESRM das principais instituições que nanciam o setor de petróleo e gás na Amazônia. Quando as exclusões do HSBC na Amazônia são desconsideradas, as exclusões dos outros cinco principais bancos citados no relatório cobrem em média apenas 4% da Amazônia, e 25% quando são considerados os ltros negativos. Isso deixa uma média de 71% da Amazônia sem políticas de gestão de risco no que tange às mudanças climáticas, à biodiversidade, à cobertura orestal e aos direitos dos povos indígenas.